De onde vêm as malas?
por Ana Luiza Burlamaqui da Penha
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Em uma casa que vivi por um longo tempo, havia uma mala de couro grande fazendo as vezes de cofre. Guardava-se tudo de considerada importância, desde promissórias fotografias em sépia dos parentes, dinheiro curto, presentes surpresas.
Eu, no silêncio dos que dormiam, corria para ela, a desvendar, a remexer, a virar e depois receber reprimendas. De tempos em tempos, a parentela passava e chegavam mais, eram estas de passagem, algumas cheirosas de roupas lavadas em açudes, outras de perfumes. Todas bem arrumadas, há uma ciência também nesse proceder.
E assim, elas foram preenchendo meu imaginário de criança onde só fui conhecer televisão aos quinze anos. Ontem, comprei uma bem pequena, de artesanato em recente viagem. Também como os parentes, comecei devagar sua arrumação, sem destino certo. Não me esperam em lugar nenhum. Será minha utopia, a lembrança que estou só de passagem por aqui e que um dia irei.
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Crédito de imagem: adaptação de foto de www.schiaparelli.com/leather2.htm
5 julho, 2008 às 11:36 pm
Cara Ana, repito aqui os parabéns pelo texto: de rara felicidade. Valeu a indição para que participasse do projeto do Marco.
abraços,
Pedro
8 julho, 2008 às 1:30 am
Olá, agradecimento a ambos , a vc Pedro pela indicação e a Marcos pela publicação. O espaço é acolhedor e impar na proposta. Abraços
27 abril, 2010 às 1:04 pm
Olá, gostaria de te convidar para partipar de uma rede de troca de conteúdo, para mais detalhes me manda um email ok. Abraços. Matos