a VaLiSe da CaVERna
Camille Rose Garcia
por Ana Luiza Penha
Um lampião nos guiava para dentro da caverna, caminhávamos mais longe da claridade, ao longe vislumbrávamos os últimos restos da luz solar. Dali em diante era confiar na trilha e no guia experiente e atravessar por completo aqueles metros em completa escuridão.
Cega quando apagaram o lampião e surgiram as trevas do começo do mundo, não tivera sequer coragem para abrir os olhos e conviver com cegueira momentânea.
A sensação era de estar presa em alguma valise, hermeticamente fechada, sem nenhuma fio de luz na rodoviária da vida, sacudida por um inexperiente carregador.
O moderado clima frio do ambiente lhe acalmava, por dois minutos a pedidos do guia, silenciamos os nossos adjetivos diante da beleza das estalactites e nos conectamos com o divino, com a beleza e o encantamento.
Encaminhou aos deuses da natureza pedidos de calma, caminhos claros e agradeceu pelo rei sol.
A beleza transitória daquela experiência modificou seu olhar sobre o cotidiano. Compreendeu o sentido das valises imaginárias que arrumamos durante a breve vida.
De rodoviárias em rodoviárias, aeroportos, levando pedras, sonhos, vestidos amarrotados, sedas amareladas, sapatos ensacados, destinos traçados, casamentos desfeitos, amores aventureiros.
Era parte de uma a mais de 80 metros abaixo da terra, respirando e acomodando-se como as milenares estalagmites. Tinha virado uma pedra minúscula dentro da valise caverna da terra.
8 março, 2009 às 10:25 pm
Ana, perambulando por tuas história, acabei conhecendo uma nova palavra: estalagmites!
E, cá para nós!, não há geografia melhor para um Ser do que aprender uma palavra nova!!!
Isso me revigora, chega tipo uma gota d’água na Caverna da Terra para desvendar mais Valises de Rodoviárias, úmidas de novidades…
Abraços!
Carmen Silvia Presotto
http://www.vidraguas.com.br