Na VaLiSe de SaMueL BeCkeTT

 Ato sem (muitas) palavras

                                     por Marco Aqueiva

 

Ele vivo. No limite ainda vivo. Sem poder sair. Condenado e vivo. Todo dia ele ainda. Ele ainda vivo. Todo o dia ele menos ele. Todo dia eles sempre. Todo o dia eles que fecham. Todo dia eles fecham. O mesmo. Eu mesmo. Eles dizem que ainda vivo. O espaço, o mesmo tempo parado. O espaço fechado, sem saída. Nesse espaço eu, fora eles. Foram eles que sempre riscaram o limite. Eles dizem que vivo. Eles põem e tiram coisas. Trilos sempre. Trilos sempre se pronunciam. Plantam a mesma sombra diária e lá vêm trilos. Quem me diz que posso? Oferta-se inacessível a água da vida sob trilos. Como posso? Eles sempre riscaram o limite. A ação possível. Eu não arrisquei nada. Ainda vivo? Eles querem me fazer crer. Eles querem me fazer crer que estou vivo. Que estou vivo e o retorno é sempre possível.

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